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C A S O T E C A
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A administração pública do Estado brasileiro não possui uma cultura institucional de gestão de pessoas, resultando na descontinuidade de gestões e suas respectivas políticas. Além da escassez de recursos materiais e financeiros, há um cenário constituído por relações personalizadas e de vulnerável compromisso com o dever público
Na Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, as maiores dificuldades estavam no processo de reconhecimento dos servidores nos processos propostos e no estímulo às noções de responsabilização destes profissionais em suas respectivas atividades e em atividades desenvolvidas por outros membros da equipe. Havia baixa ou nula sensação de pertencimento dos servidores da SSEVP.
A iniciativa nasceu através de um conjunto de ações desenvolvidas no âmbito da Subsecretaria de Educação, Valorização e Prevenção (SSEVP) da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, para incorporar uma política de gestão de pessoas e processos à estrutura organizacional da subsecretaria.
Seu objetivo foi trabalhar atitudes a partir de dinâmicas específicas, desenvolver ou aprimorar a empatia entre profissionais com distintas perspectivas e formações, fortalecer o clima organizacional, e inovar o processo de comunicação interna e externa. Para isso, foi proposto fomentar as perspectivas da Pirâmide de Disfunções no âmbito da SSEVP, por meio da promoção da confiança, administração e fomento de conflito de forma positiva, comprometimento, responsabilização e obtenção de resultado. Com isso, a gestão busca a integração interna e a interdisciplinaridade externa no desenvolvimento de seus projetos, programas e ações.
Foram realizadas reuniões periódicas de equipe, propiciando um espaço permanente de debates e construção de perspectiva institucional, e um ciclo de palestras mensais, trazendo especialistas de diversos assuntos para apresentação e debate. Há, também, uma busca pela valorização das expertises internas, propiciando espaços para que os servidores difundam seu know how com o público. Estas palestras tornaram-se momentos importantes de integração com outras subsecretarias, pois é aberta a todos os servidores da Secretaria de Estado de Segurança – SESEG.
Também foi implementado Grupos de Trabalho Intersetoriais, fortalecendo expertises e processos de articulação institucional; criado um Mapa de Influências, instrumento de gestão que auxilia na visualização cartográfica das relações presentes nos projetos conduzidos pelos servidores; construído um Espaço de Convivência Coletiva, para lazer e interação para os servidores; e institucionalizada a gestão por evidências, por meio do desenvolvimento de avaliações de implementação e impacto.
Ainda que parciais, os resultados da iniciativa foram vistos no aumento de produtividade da pasta, na quantidade de projetos desenvolvidos por servidores de distintas áreas da SSEVP – reflexo da integração institucional –, nos relatos positivos de servidores em relação à conjuntura das inter-relações e na ampliação de desenvoltura e autonomia institucional dos profissionais.
Neste sentido, nota-se a materialização da contraposição da Pirâmide de Disfunções, com o fortalecimento dos aspectos de confiança e empoderamento dos servidores, a efetiva articulação, a construção das percepções de equipe, e o fortalecimento dos canais e das ferramentas de comunicação interna. Espera-se que estas atividades culminem na instituição da lógica de gestão pessoas e processos enquanto uma forma de imprescindível à máquina pública.
Além disso, o somatório das ações resulta em impactos sem precedentes no histórico da pasta, principalmente pelo fato de não haver anteriormente uma preocupação dos gestores quanto à implementação de uma política interna consistente de gestão de pessoas e processos. Sua inovação ilustra-se, assim, por meio do desenvolvimento de ações orientadas por premissas de liderança adaptativa.
Dessa diretriz institucional, resultaram produtos como o ValoraSeg, aplicativo que disponibiliza protocolos operacionais padrão (construídos em conjunto com a sociedade civil e órgãos das esferas municipais e estaduais) e rede de atendimento e prevenção de agravos às populações vulneráveis no Estado do Rio de Janeiro aos agentes de segurança.
Ele foi objeto do 3° Seminário de Inovação em Gestão Pública promovida pela Columbia Global Centers, em 2018. Com um total de 1845 operadores de segurança e 612 servidores civis capacitados, o ValoraSeg também passou na 1° etapa do Prêmio do Fórum Brasileiro de Segurança Pública pela inovação do método da intersetorialidade e participação dos grupos vulneráveis no desenvolvimento do projeto. O aplicativo impacta ainda na necessidade de se repensar os trâmites administrativos e burocráticos na administração da segurança pública que se alinha à adesão e apropriação do Sistema Eletrônico de Informação pela Secretaria de Estado de Segurança e órgãos vinculados.
Grande parte das ações estão sustentadas por normativas que asseguram burocraticamente sua institucionalização, como a Resolução SESEG n° 1240 de 25 de Outubro de 2018 que previu a implementação das Unidades do Núcleo de Segurança Cidadã do Sistema Eletrônico de Informações.
Além disso, compreende-se que o zelo pela consolidação e perenidade das propostas deve orientar todas as ações, figurando como diretrizes desde a formulação até a implementação das ações. Esse planejamento permitiu que as ações seguissem inexoráveis, mesmo quando submetidas a um cenário de crise fiscal do estado do Rio de Janeiro ou de decretação de uma Intervenção Federal na Segurança Pública do estado.
Caso de Helena de Rezende, ex-subsecretária de Segurança Pública do Rio de Janeiro e atual Chefe do Setor de Planejamento Operacional da Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro.
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